Sou menos do que fui,
Mais do que almejei ser,
Perdido nas vielas do prazer,
Entre a dor e o que nada faz doer.
Vem de mim um grito interior,
Perdido algures num dia mau,
Agarrado por esperança exterior,
Quero ser o que fui e almejei ser.
Sou, nas entrelinhas desta vida,
Som perdido na canção,
Que despertou algures uma emoção,
No pensamento que me atordoou.
Perene olhar resgatado no horizonte,
Em mim e em ti repousam,
Milhares de vidas, um monte
De figuras que rir ousam.
Sou menos do que fui!
Silêncio.
Quero ouvir o marulhar,
Sentir com todas as forças as intervenções,
Fingir que nada tenho a ver com essas sensações.
Sou porto de abrigo,
Onda selvagem num mar revolto,
Coragem sem saber que digo,
Homem com coração bem solto.
Intrigam-me os falhanços.
Nada, mistério, mundo em convulsão,
Um abraço de irmão,
Que me afasta de profícua sedação.
Quero, o que quis e já tive,
O nada que terei,
Sem saber tudo o que serei,
Sou, afinal, o que nunca almejei.
Sou mais do que almejei ser!
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