sábado, 1 de agosto de 2009

A tarde

Saio de casa liberto,
De todos os sonhos desperto.

Tarde que tarda em ser noite,
Encerra em seu ventre o sol da manhã,
Será que depois de hoje
Haverá algo mais belo no amanhã?
A tarde, penso, não será.
Oblíqua saudade de uma tarde decente,
Em que faça algo mais do que ver gente,
Que não sabe o que quer nem quer o que sabe.
Tarda em aparecer algo diferente.

Semente plantada numa tarde qualquer.

É assim dormente esta tarde ausente,
Fruto de delírio recente.
Não quero passar esta tarde!
Tempo, porque me torturas?

Enfim, há-de chegar a noite,
E em infinita e gloriosa entrada,
Dar nesta tarde uma facada,
Coisa que merece deveras.

Entro em casa incerto,
Afinal dos sonhos não desperto.


Vítor Fernandes

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